quinta-feira, 16 de agosto de 2012


Conto,*Ibiajara.
Ibiajara - Senhor do planalto, cavaleiro do planalto em tupi.

De repente, um movimento, os olhos se abrem e aos poucos a consciência volta, num suspiro aliviado Jaci pergunta se esta tudo bem novamente.
Ainda atordoado com a queda e preocupado diz:
 “Não consigo mexer a perna, dói muito, preciso de um medico, e urgente!”
“-O medico vem toda quarta feira pra cidade, não temos um medico fixo, o senhor pode esperar até a semana que vem, ou então... “
“Ou então o que?”
“Hoje a noite é de lua minguante, o Cavaleiro vem!”
“Cavaleiro? Que cavaleiro?“
“Os nativos o chamam de Ibiajara, ele é um curador que mora sozinha na floresta, exímio conhecedor de toda a natureza, e dizem que ele tem contato direto com o Criador de tudo.”
“Curador? Contato direto com o Criador?” indagava em pensamentos todas àquelas palavras, mas enquanto isso o nó da dor fazia com que tivesse que pensar rápido, afinal, poderia ter complicações posteriores e levar sequelas para o resto da vida.
“E você poderia me levar até ele ?”
“Levar-te-ei até a montanha próxima ao rio Jurema ao sudeste, ele aparecerá lá no mesmo horário de todas as semanas, para curar os enfermos, tanto de saúde mental, quanto física”.
E às dez horas da noite por entre as florestas ouviu-se o galope de um cavalo e aos poucos entre a neblina fina foi surgindo um vulto, misterioso e intimidador, cada vez mais perto, passo a passo começa a definir-se os detalhes, Chapéu e botas de couro, um cavalo negro, com as crinas tão longas quanto às cachoeiras locais, olhos escondidos atrás do chapéu.
Desceu do cavalo ao lado da fogueira, que naquele momento era a única fonte de luz naquela montanha.
Após uma conversa longa numa língua desconhecia entre Jaci e o Cavaleiro, Julio encostado em uma arvore ainda com fortes dores e com certo receio sobre tudo, observa aquela peculiar cena que aos poucos o amedrontava.
O Cavaleiro se vira de frente para Julio,
Na fogueira refletida em seus olhos ele via até coisas do outro mundo.
Com uma mão segurando algumas folhagens sobre a perna machucada, resmungava algumas palavras.
Naquele mesmo instante, bateu uma zonzeira, tudo girou, Julio caiu desmaiado.
Abre os olhos e já esta é dia, deitado no seu quarto, e as dores sumiram.
“Não é possível, como ele conseguiu aquilo? ontem mesmo eu poderia jurar que estava com uma lesão grave!”
Levanta e anda de um lado para o outro do quarto, ergue a perna, acredita, desacredita, abaixa a perna, acredita de novo, e não sabe o que pensar, confuso, desce para a recepção agradecer Jaci, e pergunta como foi parar La, pois não se lembrava de nada após o desmaio.
“O poder dele é muito forte, e em casos graves a pessoa permanece em repouso mesmo, alguns chegam a ficar dias e dias assim, logo após seu desmaio, trouxe-lhe aqui. “
“MUITO OBRIGADO, NÃO TENHO COMO LHE AGRADECER” explana o viajante.
E aos poucos a cidade agora tão acolhedora vai sumindo pelo retrovisor do carro, Julio segue sua viagem.